Uma tendência crescente nos hospitais públicos e privados brasileiros está mudando o processo de aquisição de novos equipamentos médicos: a exigência de laudos técnicos de avaliação elétrica antes da instalação. Equipamentos como tomógrafos, ressonâncias, autoclaves, compressores e sistemas de suporte à vida demandam estabilidade e confiabilidade da rede elétrica — e a ausência desse diagnóstico prévio tem gerado prejuízos milionários e riscos clínicos.
A prática, antes restrita a grandes hospitais de alta complexidade, está se expandindo para clínicas, laboratórios e redes hospitalares regionais. A análise inclui medições em carga, avaliação da capacidade de disjuntores, variação de tensão nas fases, presença de harmônicas e verificação de possíveis interferências eletromagnéticas em ambientes críticos, como UTI e centro cirúrgico.
O objetivo é prevenir falhas recorrentes que poderiam ser evitadas com uma medição técnica simples. Em diversos casos recentes, equipamentos de imagem apresentaram desempenho reduzido ou falhas intermitentes devido a alimentação elétrica instável, o que levou a paradas não programadas e riscos assistenciais. Além disso, hospitais que planejam adquirir novos equipamentos junto ao BNDES ou a linhas de crédito hospitalar estão sendo orientados a incluir o laudo elétrico como documento técnico obrigatório.
Essa nova exigência fortalece o papel da engenharia elétrica na cadeia hospitalar e reforça a responsabilidade compartilhada entre áreas de engenharia clínica, manutenção predial e segurança do trabalho. O recado para o setor é claro: não se instala tecnologia crítica em rede elétrica desconhecida. Primeiro se mede. Depois se decide.