O projeto elétrico não é opcional — é a espinha dorsal de qualquer operação segura

O projeto elétrico ainda é tratado como opcional por muitas empresas. Este editorial defende que ele é indispensável para a segurança, eficiência, rastreabilidade e responsabilidade legal de qualquer instalação. Negligenciar o projeto é abrir mão do controle técnico e da proteção jurídica.
Engenheiras com projeto elétrico

Em muitas empresas, o projeto elétrico ainda é visto como um custo evitável. Em obras menores, galpões logísticos, reformas prediais ou ampliações industriais, a lógica se repete: “não precisa de projeto, é só instalar uns disjuntores”, “quem faz isso é o eletricista”, ou “depois a gente regulariza”. O resultado é previsível: instalações subdimensionadas, sobrecarga nos quadros, ausência de seletividade e nenhuma rastreabilidade técnica.

Este editorial defende o óbvio que o mercado insiste em ignorar: o projeto elétrico não é um luxo técnico — é a estrutura que sustenta tudo. É ele que garante que a instalação atenda às normas da NBR 5410, da NR-10, que proteja vidas, preserve equipamentos, evite desperdícios e crie possibilidades futuras de expansão sem comprometer a segurança.

Sem projeto, não há documentação. Sem documentação, não há diagnóstico. Sem diagnóstico, não há correção — só improviso. E quando o improviso entra em cena, o engenheiro se torna coadjuvante do próprio campo técnico. Empresas que operam sem projeto não conseguem sequer justificar tecnicamente o próprio consumo, nem cobrar da concessionária quando o fornecimento falha.

Além disso, o projeto é o que sustenta juridicamente o responsável técnico. Sem ele, não há defesa em caso de acidente. Em processos civis e trabalhistas, o primeiro documento que será exigido será o projeto. Não tê-lo significa entrar vulnerável — tanto técnica quanto legalmente.

É preciso, portanto, educar o mercado para entender que o projeto elétrico não é uma formalidade. É uma blindagem. É o que separa uma operação segura de uma bomba-relógio silenciosa. E se a engenharia quiser preservar seu espaço de autoridade, precisa começar dizendo “não” com mais frequência para instalações sem projeto.

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