Todo técnico de campo já enfrentou o dilema entre fazer o certo e fazer o que o cliente quer. Nem sempre essas duas coisas coincidem. Em muitos contextos, o cliente pressiona para acelerar, contornar etapas, “dar um jeitinho” ou até mesmo ignorar recomendações técnicas para não atrasar a produção. E é nesse terreno ambíguo que se desenrolam decisões que podem comprometer a segurança, a conformidade legal e a reputação profissional.
Este editorial discute os desafios enfrentados pelos profissionais que operam na linha de frente: eletricistas, técnicos de segurança, engenheiros de manutenção. Como conciliar a responsabilidade técnica com as demandas comerciais? Como impor limites sem perder o contrato? E, sobretudo, como se blindar contra a pressão que normaliza práticas perigosas?
Não existe resposta simples, mas existe posicionamento ético. A função do técnico não é apenas “executar serviço”. É interpretar normas, aplicar conhecimento e, quando necessário, sustentar um não. O silêncio técnico diante de um pedido absurdo pode ser cúmplice de um acidente futuro. Por isso, é urgente fortalecer a cultura do respaldo — dar ao técnico a segurança jurídica, organizacional e pessoal para que ele escolha fazer o certo mesmo sob pressão.