Nos últimos meses, aumentou significativamente o número de empresas e residências que recorreram à análise técnica da qualidade de energia elétrica para contestar falhas no fornecimento junto às concessionárias. Em diversas regiões, a judicialização de casos envolvendo quedas de tensão, oscilações de frequência, variações de tensão momentâneas e harmônicas excessivas levou a uma nova postura: a exigência de provas técnicas estruturadas, com base no Módulo 8 do PRODIST.
A tendência já impacta o comportamento de consumidores industriais e comerciais, que passaram a buscar relatórios técnicos assinados por engenheiros especializados para embasar pedidos de compensação financeira, correção de fatura ou até recusa de conexão para novas cargas. As concessionárias, por sua vez, vêm respondendo com mais rigor na avaliação de pedidos, exigindo medições por analisadores certificados, campanhas superiores a 5 dias úteis e laudos que contextualizem o distúrbio elétrico.
Este cenário reflete uma mudança importante: a qualidade da energia deixa de ser um tema restrito a departamentos técnicos e se torna uma ferramenta de negociação institucional. Escritórios de advocacia especializados em infraestrutura passaram a incluir engenheiros eletricistas na elaboração de peças jurídicas — ampliando o papel da engenharia na mediação entre consumidor e concessionária.
O recado para o mercado é claro: quem não mede, perde. Não basta reclamar de falhas na rede — é preciso apresentar dados, curvas, gráficos e análise normativa. Nesse novo contexto, a engenharia elétrica ganha centralidade não só técnica, mas também estratégica e jurídica.