Quantos acidentes poderiam ser evitados se a frase “é só puxar um fio aqui” fosse levada a sério como um sinal de alerta? Esse tipo de abordagem informal, comum em obras, comércios e até hospitais, revela uma cultura de improviso profundamente enraizada. E pior: revela um desprezo disfarçado de praticidade pela importância do projeto elétrico.
Neste editorial, mostramos como a insistência em resolver problemas elétricos “do jeito mais rápido” está por trás de centenas de ocorrências graves, desde pequenos choques até incêndios de grandes proporções. Mais do que um erro pontual, estamos diante de um sintoma coletivo: a não valorização da engenharia.
Instalar um ponto de energia sem considerar a carga, interligar painéis sem proteção adequada, ignorar a seleção de disjuntores ou deixar cabos soltos à deriva: tudo isso parte do mesmo raciocínio falho que reduz a engenharia a um conjunto de gambiarra “eficientes”. A conta, inevitavelmente, chega. E quando chega, o custo é muito mais alto do que o tempo economizado no improviso.
Este é um chamado para que os profissionais da área enfrentem essa cultura com coragem técnica. Não basta saber que está errado: é preciso dizer que está errado, recusar a execução insegura e educar o cliente para entender que qualidade não é um luxo — é uma obrigação.