Ao longo dos anos, a NR-10 se consolidou como uma das normas mais difundidas no setor elétrico brasileiro. Seu propósito original era nobre: evitar acidentes, lesões e mortes causadas por choques elétricos em instalações energizadas. No entanto, o que se observa em campo hoje é uma crescente burocratização da norma. Ela é tratada por muitos como um conjunto de exigências documentais que precisam apenas ser “cumpridas no papel” para fechar um contrato ou evitar multas.
Neste editorial, questionamos: em que momento a NR-10 deixou de ser uma ferramenta de prevenção para se tornar um rito administrativo? Por que tantos treinamentos são realizados apenas para “gerar certificado”? Por que a documentação exigida pela norma raramente é consultada em campo?
A banalização da NR-10 está diretamente ligada à cultura empresarial que prioriza rapidez e corte de custos em detrimento da segurança. Recuperar o verdadeiro significado da norma exige mudança cultural. Exige que engenheiros, técnicos e gestores compreendam que cumprir a NR-10 é mais do que apresentar papéis em uma auditoria: é garantir que ninguém se acidente ao realizar uma manutenção, é assegurar que os procedimentos de bloqueio e sinalização sejam respeitados, é garantir que vidas não sejam colocadas em risco por improviso.
